Senhora Ogin, de Kinuyo Tanaka

1962, Longa-metragem de ficção, 101’

Realizadora: Kinuyo Tanaka

Sinopse: No final do século XVI, quando o cristianismo vindo do Ocidente foi proscrito no Japão, a Senhora Ogin apaixona-se pelo samurai Ukon Takayama, que é um devoto cristão. O guerreiro recusa os seus avanços, preferindo dedicar-se à sua fé, e Ogin acaba por casar com um homem que não ama. Mas, alguns anos depois, Ukon regressa e confessa o seu amor por ela. Ogin, que é filha do famoso mestre de chá Rikyû, quer recuperar a sua liberdade, mas o arguto Hideyoshi, que reina sobre o país, iniciou as perseguições anti-cristãs…

Mulheres da Noite, de Kinuyo Tanaka

1961, Longa-metragem de ficção, 92’

Realizadora: Kinuyo Tanaka

Sinopse: A jovem Kuniko mora num centro de reabilitação para ex-prostitutas. Apesar da gentileza da directora, a vida não é fácil e, como todas as suas camaradas, ela espera sair regenerada da instituição. Ela recebe uma oferta de emprego numa mercearia, mas o marido da senhoria e os homens da vizinhança são muito desregrados. Kuniko foge e vai trabalhar para uma fábrica. Diante da maldade dos demais funcionários, ela larga outra vez o emprego para ingressar numa estufa de rosas. Aí, a vida parece ficar mais fácil, mas o passado da jovem volta para atormentá-la…

A Princesa Errante, de Kinuyo Tanaka

1960, Longa-metragem de ficção, 102’

Realizadora: Kinuyo Tanaka

Sinopse: Em 1937, quando o Japão ocupou a Manchúria, Ryuko, uma jovem de boas famílias, é informada que foi escolhida, através de uma fotografia, para esposar o irmão mais novo do imperador da Manchúria. Obrigada a deixar o Japão, ela terá de acostumar-se à sua nova vida enquanto princesa. Uma menina nasce pouco tempo depois e Ryuko parece estar feliz no Palácio. Porém, quando as tropas soviéticas preparam uma nova invasão, Ryuko vê-se forçada a fugir a pé, acompanhada pela sua filha, mas também pela própria Imperatriz.

Para Sempre Mulher

1955, Long-metragem de ficção, 109’

Realizadora: Kinuyo Tanaka

Sinopse: Hokkaido, norte do Japão. Fumiko vive um casamento infeliz. O seu único consolo são os seus dois filhos e um clube de poesia que revela ser a sua principal escapatória, permitindo visitas à cidade. Aí encontra Taku Hori, o marido da sua amiga Kinuko que, como ela, escreve poemas. Ela sente-se cada vez mais atraída por ele, porém Fumiko é diagnosticada com cancro da mama. Enquanto os seus poemas são publicados, ela sujeita-se a passar por uma mastectomia. A jovem mulher descobre, então, a paixão por um jornalista que vem visitá-la ao hospital.

Carta de Amor

1953, Longa-metragem de ficção, 96’

Realizadora: Kinuyo Tanaka

Sinopse: Lançado um ano após o fim da ocupação americana do Japão, a estreia de Tanaka na realização explora os conflitos profissionais e pessoais de Reikichi, um veterano repatriado que procura o seu amor perdido enquanto traduz cartas românticas de prostitutas japonesas para soldados americanos

A Lua Ascendeu

1955, Longa-metragem de ficção, 102’

Realizadora: Kinuyo Tanaka

Sinopse: O Sr. Asai mora em Nara com as suas três filhas: a mais velha, Chizuru, que voltou para a casa da família após a morte do marido; a do meio, Ayako, em idade de casar, mas sem pressa de deixar o progenitor; e a mais nova, Setsuko, a mais exuberante das três irmãs que sonha em mudar-se para a capital. Esta última é muito próxima de Shôji, o jovem cunhado de Chizuru que mora num templo próximo da família Asai. Um dia, ele recebe a visita de um velho amigo, Amamiya, que lhe fala sobre Ayako. Setsuko está convencida de que Shôji ainda tem sentimentos pela sua irmã e fará de tudo para forçar o destino…

Sacavém, de Júlio Alves

2019, Longa-metragem documental, 65’

Realizador: Júlio Alves

Sinopse: Não é o rotineiro documentário sobre um artista, neste caso o cineasta Pedro Costa, nem tão pouco uma visão equilibrada da sua obra. Entre outros méritos, Sacavém dialoga com essa figura maior do cinema contemporâneo sem recorrer às habituais cauções (depoimentos de terceiros, evocação de prémios e reconhecimento crítico, etc.) ou procurar mimetizar o seu cinema. Júlio Alves encontra a distância justa para ler essa obra sem o peso da reverência ou do pastiche, ligando algumas personagens e objectos recorrentes desde Casa de Lava ao seu próximo filme, mostrando a continuidade entre a visão do realizador e o mundo que lhe serve de matéria e iluminando a singular forma de realismo assombrado por fantasmas e memórias que atravessa o cinema de Pedro Costa. A presença esquiva do próprio no filme de Júlio Alves é também ela exemplar de uma ética de trabalho solitária e artesanal de que os filmes são o testemunho mais eloquente.

Nuno Sena (Indielisboa 2019)

Estreia comercial a 23 de Março de 2023 em 3 salas (Lisboa, Coimbra e Leiria)


Diálogo de Sombras, de Júlio Alves

2021, Longa-metragem documental, 60’

Realizador: Júlio Alves

Sinopse: Entra-se em Diálogo de Sombras através de plano inusitado, mas revelador de uma das mecânicas do filme de Júlio Alves: a problemática do acto de ver. Uma figura assiste a uma projecção, um trecho de um filme que sabemos ser interpretado por Ventura, pela voz que nos chega do fora de campo. No início de diálogo com os écrans de Pedro Costa e das companhias dispostas nas várias galerias de Serralves, esse espectador está delimitado por uma porta de luz e ladeado por sombras. Diálogo de Sombras convoca, então, um puzzle, que relaciona afinidades, mas que também expõe uma filiação artística, de pendor estético e ético, que o filme de Júlio Alves resolve ao intensificar um espaço contínuo de narrativas, de modelos de humanismo no retrato dos desfavorecidos, das projeções dos close-ups de Vanda, Vitalina e Ventura, príncipes de uma dinastia perdida.

Vitor Ribeiro (programador)

Estreia comercial a 23 de Março de 2023 em 3 salas (Lisboa, Coimbra e Setúbal)